Na sexta-feira, dia 02 de maio, a Escola Básica Barbosa du Bocage, em Setúbal, foi palco de uma manhã repleta de harmonia e interculturalidade. Nove músicos da Banda Filarmónica da AMUT visitaram o estabelecimento de ensino a convite das mediadoras linguísticas e culturais do Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage, numa iniciativa que combinou a aprendizagem da língua portuguesa com a riqueza da tradição musical nacional.
A música como ponte entre culturas
A atividade, organizada em colaboração com a Escola de Música da AMUT, teve como objetivo facilitar o ensino do português a alunos estrangeiros recém-chegados a Portugal, provenientes de países como Afeganistão, Rússia, Bielorússia, Ucrânia, Marrocos, Nepal e Bangladesh. Maria Leonor Mobilha, música da Filarmónica da AMUT e mediadora cultural no agrupamento, idealizou o evento para que os estudantes pudessem associar os nomes dos instrumentos à sua sonoridade e forma, tornando a aprendizagem mais dinâmica e memorável.
"Quisemos mostrar que a música é uma linguagem universal, capaz de ultrapassar barreiras", explicou Maria Leonor. "Muitos destes alunos nunca tiveram contacto com estes instrumentos musicais, tão comuns nas nossas bandas filarmónicas. Foi uma forma de lhes apresentar uma parte importante da cultura portuguesa."
Uma manhã de descobertas e alegria
Os jovens tiveram a oportunidade de observar, tocar e experimentar os instrumentos, sob a orientação dos músicos da AMUT, que partilharam não só conhecimentos técnicos, mas também o papel das filarmónicas nas comunidades portuguesas. O entusiasmo foi contagiante, com sorrisos e olhares curiosos a marcar a interação entre os alunos e os artistas.
Jorge Maltez, diretor da Escola de Música da AMUT, e o professor Samuel Sequeira, coordenador da mesma, destacaram a importância de iniciativas como esta. "A música é uma ferramenta poderosa de inclusão. Ver estes jovens, de origens tão distintas, a rirem e a aprenderem em conjunto é a prova de que a arte nos une", afirmou Maltez.
Um legado que perdura
As bandas filarmónicas são uma tradição secular em Portugal, com um papel fundamental na vida cultural de muitas localidades. Levar este património às escolas, especialmente a alunos que estão a adaptar-se a um novo país, é uma forma de enriquecer a sua integração e de lhes mostrar as diferentes facetas da identidade portuguesa.
A música, mais uma vez, provou que não precisa de tradução – basta sentir. E, para muitos daqueles alunos, esta foi uma lição que dificilmente esquecerão.